sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Turismo nos trilhos

A malha ferroviária no Brasil já foi mais generosa. No que concerne ao segmento do turismo, hoje, há 32 trens turísticos operando no país e espalhados por onze estados. Um segmento que encontra cada vez mais adeptos. Não há quem não se encante, por exemplo, pela viagem de Curitiba a Paranaguá e Morretes pela cinematográfica Serra do Mar. No Rio de Janeiro, o trem do Corcovado é um bom exemplo de trajeto que sai ali do Cosme Velho até o alto, no Cristo Redentor.

Um pouco da história

A 1ª estação do Brasil ainda com trilhos
Em 27 de abril de 1852 a Presidência da Província do Rio de Janeiro contratou com Irineu Evangelista de Souza, mais tarde o Barão e Visconde Mauá, a construção da 1ª ferrovia do Brasil, uma via férrea que partia de Porto de Mauá ( Magé) até a Raiz da Serra de Petrópolis, numa extensão de 16 km.
Para concretizar esse projeto, em 29 de maio do mesmo ano, na sede do Banco do Brasil, no Rio de janeiro, foi fundada a Imperial Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis, com um capital de 2 mil contos de Réis, dividido em 10 mil ações de Duzentos mil Réis, tendo o Irineu Evangelista de Souza subscrito 2/3 das ações e, pelos estatutos, foi nomeado Presidente da Companhia.
O Decreto do Governo Geral, nº 987 de 12 de junho de 1852, concedeu-lhe o privilégio por 10 anos, para a navegação a vapor entre a Corte ( Rio de Janeiro) e o Porto de Mauá e, cerca de 3 meses depois, na localidade de Fragoso, distrito de Inhomirim, foram inaugurados os trabalhos de construção da ferrovia, com a presença do Imperador e outras autoridades, e, ainda, alguns engenheiros ingleses.
A E.F. Mauá-- a 1ª do Brasil -- foi a responsável pelo primeiro caso de intermodalidade de transporte no Brasil ( hoje chamado de integração).

Petrópolis nos trilhos

Porto de Mauá: do glamour à atual sucata enferrujada
Em 31 de agosto de 1872 a presidência da Província do Rio de Janeiro, junto com o Barão de Mauá, tratou-se do prolongamento da Estrada de ferro até o Alto da Serra, sendo desde logo adotado para a construção da linha o consagrado Sistema Riggenback ( cremalheira central ). A Lei Provincial, nº 1965 de 10 de dezembro de 1873 não só aprovou o Contrato de 31 de agosto, como concedeu outras garantias. Em 20 de fevereiro de 1883, foi aberto o tráfego do trecho Raiz da Serra até Petrópolis, em bitola métrica, pela Companhia Grão Pará, cujas obras tiveram início em agosto de 1881, mas com alterações do projeto  e estudos cedidos por Mauá, um novo traçado, numa extensão de 6km e fartamente utilizada pela família Imperial. Naquela época o tráfego era predominantemente de passageiros e no verão chagavam a circular ali mais de 32 mil por ano. Do Porto de Mauá até aa Raiz da serra eram 16 km e mais 6 km pela Serra dos Órgãos chegava-se a Petrópolis.
Integração Barcas e trem em direção Raiz da Serra
Em 1964 os 70 km entre a Vila Inhomirim e Três Rios foram erradicados e a única forma de alcançar essas cidades é através da BR 040.


Agora, no dia 26 de março de 2012, os Prefeitos de Petrópolis e Magé assinaram um acordo de cooperação técnica junto com a esfera estadual dos transportes e de Obras no sentido de ressuscitar, de reativar a Estrada de Ferro Príncipe do Grão Pará, exatamente esse trecho de 6 km entre a Vila Inhomirim e o alto da serra, no sentido de incrementar não só o turismo para  cidade serrana mas também de encurtar o tempo de viagem entre ela e o centro do Rio de Janeiro.

Região servida pela E.F. Mauá

A E. F. Príncipe do Grão-Pará era um prolongamento natural da primeira ferrovia do Brasil, a Estrada de Ferro Petrópolis, iniciada pelo Barão de Mauá e inaugurada em 1854 com a presença de seu passageiro mais ilustre, o Imperador D. Pedro II. Somente em 1883 o trecho chegava à cidade serrana após vencer o plano inclinado da Serra da Estrela entre a Vila Inhomirim ( Raiz da Serra) e o Alto da Serra, em Petrópolis.

Trata-se de um antigo sonho petropolitano e, uma vez, reinstalando-se os 6 km de trilhos no trecho da serra o trem expresso imperial poderá unir-se aos 49 km dos trilhos já existentes, entre a Vila Inhomirim e o Centro do Rio, ali na Estação da Leopoldina. Uma obra e tanto. Documentos já foram entregues pelos Prefeitos das cidades diretamente envolvidas, ao governo do Estado e tudo indica que esse acordo de cooperação técnica tornará a reativação dessa linha uma questão de tempo, concreta.

Vantagens da reativação da E.F.Príncipe do Grão Pará

Além do turismo que tornará ainda mais receptiva aquela cidade serrana, a redução substancial do tempo de viagem, em torno de 1 hora e meia;  ajuda na proteção ambiental e recuperação da região; um estímulo às cidades de Petrópolis e Magé; o custo para recolocar trens rápidos nesse trecho estima-se ser apenas de R$ 70 milhões, ou seja menos de 0,2 por cento do custo do trem bala Rio- SP; por uma viagem de Petrópolis ao centro do Rio pode levar até 3 horas, dependendo das condições de trânsito, essa mesma viagem, como no passado, pode ser feita em 90 minutos e com integração entre os vários deslocamentos de massa; até  à estação Maracanã e ali integrando-se com o Metrô; ou de trem, num percurso de 23 km, do alto da Serra até o Cais Mauá em Guia de Pacobaiba ( Magé) e de lá ao centro do Rio, via Catamarã.

Ponto Final

Com esse projeto de reativação da E F  Grão Pará, mediante  a reimplantação de 6 km de trilhos na Serra da Estrela e com outras intervenções ao longo do trecho da Vila Inhomirim ao Cais Mauá, com a reforma das estações, viadutos, passagens de níveis, aquisição dos trens, montagens das oficinas, reurbanização da área e indenização e deslocamento dos moradores ali instalados e outras obras estruturais, tudo isto num montante , como vimos, na ordem de cerca de R$ 70 milhões. Se depender da ABPF Associação Brasileira de Preservação Ferroviária e do Grupo de Trablho pró-trem,constituído por 16 entidades, como a ALERJ , FIRJAN, UCP, Museu Imperial, IPHAN e outras, dá para afirmar que  é possível, mesmo antes da Copa FIFA de 2014 e das Olimpíadas Rio 2016 ter de volta esse cenário cinematográfico servindo por trens turísticos e resgatando um importante marco da história da ferrovia no Brasil.


Fontes: fotos www.estacoesferroviarias.com.br
 

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